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Muitos brasileiros se questionam: vale mesmo a pena votar? Perder tempo pesquisando, pegar fila e votar... Será que vale tanto esforço? O sistema já não está corrompido pelo poder econômico antes mesmo da eleição acontecer? As opções disponíveis representam os interesses do povo? Tudo já não está perdido?

Dependendo da ideologia escolhida pelo eleitor, logo terá a sensação de que a democracia brasileira é uma trágica falácia. Contudo, influências do poder econômico não acontecem só no Brasil. Mas então, como fizeram outros países bem sucedidos para superarem o paradoxo? Isto não é, nem nunca foi tarefa fácil. Sempre dependerá de um longo processo de amadurecimento da consciência e de aprendizagem. São processos que nunca acontecem rápida ou violentamente. A História é pródiga em exemplos de revoluções sangrentas que, décadas depois retrocederam todas as conquistas artificialmente conquistadas. Nós, brasileiros, estamos começando nossa experiência democrática. Precisamos ter coerência e humildade para admitir que temos muito que aprender. Mesmo assim, muitos já desanimaram ou estão extremamente pessimistas. Na última eleição para presidente, tivemos um altíssimo índice de abstenções e de votos nulos. Como o voto lhes parece uma inútil tortura, pensam em se vingar, tentando transformá-lo naquilo que ele nunca será: um instrumento de protesto. Você já tentou bater um prego usando um alicate ou torcer um arame usando um martelo? Pois é bem isso que acontece quando usamos uma boa ferramenta para a finalidade errada.

Muitos ainda desconhecem os efeitos nefastos do famoso ‘voto de protesto’. Muitos ainda acreditam que assim a eleição seria anulada e que ele estaria ‘punindo’ candidatos e partidos. Os mais desatentos, ao invés de pesquisarem a vida dos candidatos, preferem se abster de tanto esforço e se acomodam na tese de que “nenhum presta”... Então, diante da aparente falta de opção, sacramentam seu desastroso ‘protesto’, reforçando ainda mais aquele mesmo sistema que tanto desejavam combater. Quando não jogam fora seu voto, resolvem presenteá-lo a algum “puxador de votos”, achando que fazendo piada com seu voto estarão também protestando. Escolhem assim um famoso bem simpático ou engraçado, mas desprovido de qualquer noção da atividade política que irá desempenhar. O mais trágico é que esse esperto eleitor ajudou a eleger junto, muitos outros péssimos candidatos, efeito decorrente do cálculo do quociente partidário.

Sim, a legislação brasileira também precisa mudar: proibir o patrocínio privado empresarial das campanhas políticas já será um bom começo. Essa reforma já é exigida por milhões de brasileiros e o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) já tem dado sinais no sentido da inconstitucionalidade desse tipo de ‘doações’. Enquanto esta mudança não acontece, nos cabe utilizar bons critérios de escolha: não votar apenas pela simpatia, pelo belo discurso ou pela fama no meio artístico; fundamental também conhecer o passado do candidato, pois ele geralmente indica sua índole e o tipo de trabalho que irá desenvolver depois. Enquanto o interesse pessoal ou familiar for o motor do eleitor, o câncer cultural da corrupção política jamais será dominado.

A qualidade dos eleitos só irá melhorar se a cultura mudar. Não é preciso que todos mudem. Basta que uma massa crítica seja atingida. Alguns nos dirão: mas o poder econômico nos esmaga e manipula o sistema, seja ele qual for. Parece uma luta injusta: um Davi contra um Golias... mas Davi venceu por fim, mesmo sendo menor e fisicamente mais fraco. Notem: há uma sórdida identidade entre o político corrupto e o cidadão corruptor: só assim a corrupção pode existir. O sistema, portanto, apenas reflete o modo de pensar/agir do cidadão. Precisamos aperfeiçoar os sistemas de controle, porém, toda vez que insistimos olhar apenas para ‘o outro’ (o sistema, a legislação, o corrupto), esquecemos que as mazelas socioculturais nascem do nosso próprio egoísmo, cobiça e preguiça de fazer a nossa parte.

Por Silvio Motta Maximino, antropólogo e professor de filosofia.

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