O
governo vai reduzir em 16,2%, em média, o preço da energia elétrica
para os consumidores residenciais. Para a indústria, o corte será de até
28%. Os descontos, no entanto, só entram em vigor no início do ano que
vem.
O
anúncio foi feito pela presidente Dilma Rousseff, em pronunciamento
oficial transmitido em cadeia obrigatória de rádio e TV na noite de
ontem, em comemoração ao aniversário da independência do País. Em sua
fala, que durou 11 minutos e 32 segundos, a presidente Dilma fez ainda
uma dura cobrança às administradoras de cartão de crédito para que
reduzam as taxas de juros cobradas dos consumidores e avisou que "não
descansará" enquanto isso não acontecer.
Depois
de comemorar a redução da taxa de juros básica da economia (Selic),
hoje em 7,5% ao ano, a presidente exigiu maior empenho do setor
financeiro para reduzir os encargos aos consumidores. "Isso (o corte da
Selic) me alegra, mas confesso que ainda não estou satisfeita porque os
bancos, as financeiras e, de forma muito especial, os cartões de crédito
podem reduzir ainda mais as taxas cobradas ao consumidor final,
diminuindo para níveis civilizados seus ganhos", desabafou a presidente.
"Sei que não é uma luta fácil, mas garanto a vocês que não descansarei
enquanto não vir isso se tornar realidade", emendou.
A cobrança foi feita no mesmo dia que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal anunciaram
cortes nos juros do cartão, de 30% em média no caso do Banco do Brasil e
de até 58% no caso da Caixa. Os bancos públicos têm saído à frente em
ações que o governo quer que sejam seguidas pelos bancos privados. Foi
assim com a redução de juros de empréstimos e cheque especial.
Dilma
alertou ainda em seu pronunciamento que "também não descansará" na
busca de novas formas para diminuir impostos e tarifas, sem causar
desequilíbrio às contas públicas e sem levar prejuízo às políticas
sociais. Após lembrar medidas que têm sido adotadas pelo governo para
restabelecer a capacidade produtiva do País, com redução de impostos em
vários setores, a presidente falou da crise internacional, citando que o
Brasil, apesar de sofrer uma "redução temporária" do crescimento, não
enfrentou desemprego, nem perda de direitos trabalhistas ou de salário dos trabalhadores. "Somos um dos poucos países que houve ganho real de salário."
A
presidente Dilma fez questão de dar uma explicação sobre os motivos que
levaram o governo a reduzir mais o preço da energia para o setor
produtivo do que para o consumidor. Ela disse que, no caso do setor
produtivo, a diminuição da conta chegará a 28% "porque os custos de distribuição são menores". Esse fato, justificou, "torna o setor produtivo mais competitivo".
Salientou
ainda, o significado da palavra competitividade, que está sendo buscada
pelo governo, para incorporar ao tripé: estabilidade, crescimento e
inclusão social. Para a presidente, a queda no custo da energia que será
obtida beneficiará as exportações e ajudará a evitar demissões.
Segundo
Dilma, a redução dos preços da energia não é a única adotada pelo
governo para reduzir o custo da produção, aumentar o emprego e reativar a
economia. Em seguida, citou o plano de R$ 133 bilhões de investimentos
em ferrovias e rodovias e lembrou que um programa de melhoria na
eficiência de portos e aeroportos está sendo preparado.
O
anúncio oficial do pacote de energia, inclusive com a renovação de
algumas das concessões de hidrelétricas será feito no Palácio do
Planalto, na próxima terça-feira,
às 11 horas. A redução será possível graças à desoneração de impostos
federais do setor, assinada pela presidente, em medida provisória a ser
encaminhada ao Congresso. O governo desejava que os Estados também
tivessem contribuído, com diminuição de seus impostos, para que o
benefício fosse ainda maior, mas não obteve sucesso.
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